Em funcionamento há cinco anos, o Banco de Sangue Virtual atingiu a marca de dez mil doadores cadastrados na plataforma. O número foi alcançado na segunda-feira, em Pelotas, durante uma das ações que o idealizador da iniciativa, Ricardo Nunes, cumpre no município até sexta-feira com o propósito de divulgar o serviço e ampliar o número de voluntários.

Manter os estoques de sangue de hemocentros e hospitais em níveis seguros é um desafio constante. Frequentemente a falta de doações ameaça o atendimento da demanda de pacientes. Por isso, com o objetivo de atenuar esse quadro e facilitar a conexão entre doadores e receptores, foi fundado o Banco de Sangue Virtual. O site cruza dados dos cadastrados com os de pacientes que necessitam de doação para identificar a compatibilidade sanguínea. A partir das informações armazenadas, a ferramenta avisa por e-mail e WhatsApp quando alguém próximo à cidade do doador estiver precisando de sangue.

Iniciado em 2017 com 62 doadores cadastrados, o Banco Virtual também conta com uma área específica para a inscrição de receptores. Conforme Nunes, a plataforma foi pensada como forma de aproximação de pessoas, não havendo vinculação direta com órgãos de saúde. "Geralmente quem pede doação de sangue são os familiares. Por isso, o Banco de Sangue Virtual trabalha mais com a pessoalidade", explica.

Em caso da impossibilidade do voluntário doar no período da notificação, há ainda a possibilidade de mesmo assim ajudar o paciente compartilhando com outras pessoas conhecidas que são doadoras a necessidade daquele receptor.

Por enquanto, só no RS
Atualmente, o projeto só atende o Rio Grande do Sul. No entanto, a projeção é de que a plataforma funcione para todo o país. Antes da expansão, a meta é chegar ao número de 249 mil doadores do Estado cadastrados. De acordo o conselheiro do Instituto Mox, que sedia o Banco, Paulo Nunes, a Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta como número ideal de doadores de sangue 3% da população do país. A partir desse dado, a ideia é que o Estado seja o primeiro a atingir o número a partir do Banco de Sangue Virtual. "Somente 1,8% dos brasileiros doam sangue, é um percentual muito baixo", menciona.

Em razão desse intuito, o idealizador começou a percorrer o interior para divulgar o site. "Pelotas é a primeira cidade que eu fico em agenda por sete dias, já fizemos apresentações em várias entidades como a Associação Comercial e Lions Clube", pontua Ricardo Nunes. Em média, o Banco de Sangue Virtual realiza o atendimento de 30 pedidos de doações mensalmente. Até o momento, já foram 1,8 mil demandas notificadas pelo site.

Quadro de doação em Pelotas
Responsável por atender 23 municípios da região Sul, além do Pronto-Socorro, dos hospitais Beneficência Portuguesa e São Francisco de Paula (HUSFP), o Hemocentro Regional de Pelotas (HemoPel) enfrenta dificuldades para manter os estoques em níveis considerados seguros. Atualmente, a necessidade mais urgente é dos tipos O- e O+. Para garantir o estoque em volume positivo, são necessárias em média 55 doações por dia. No entanto, geralmente o HemoPel conta com a metade desse número.

Já na Santa Casa de Misericórdia de Pelotas, o quadro do banco de sangue é positivo. Na instituição, o estoque é considerado dentro do adequado. Porém, assim como no HemoPel, o volume dos tipos O- e O+ também preocupa. No hospital, dentre todos os tipos, o número ideal mensal é de 60 doações.

Como ser voluntário
Para se cadastrar como doador ou receptor, gratuitamente, basta acessar bancodesanguevirtual.com.br.